domingo, 27 de junho de 2010

"Por que eu sou do tamanho daquilo que sinto , que vejo e que faço , não do tamanho que as pessoas me enxergam ! " ( Carlos Drummond )

“O tempo é o mesmo para mim e para você: cruel!”

Com o passar dos tempos fomos perdendo hábitos, ou melhor, dizendo bons hábitos que fazia o nosso dia a dia parecer menos estressante como, por exemplo, o de visitar amigos e parentes, contar “ causos”,ouvir e relatar fatos cotidianos .Isso funcionava como uma terapia, acredito eu.Bem, por falar em hábitos outro dia aconteceu um fato interessante. Mas antes de contá-lo, quero lembrar um amigo de meus pais, de origem holandesa, que muito nos visitava e que entre conversa e outra contava os costumes de sua terra natal, um que nos chamou muito a atenção foi dizer que como a vida já não nos proporcionava tempo para visitas, fizeram do velório uma forma, embora estranha de comemorar encontros e reencontros. Assim, quando morria uma pessoa da família sabiam que reencontrariam amigos e parentes que não os viam há muitos anos. Faziam jantares deliciosos para marcar o momento (trágico por sinal). E atualmente tenho pensado muito nisso e observado que realmente, quando morre alguém da nossa família ou de amigos nos reencontramos com pessoas há muito não vistas e que por um instante o momento que não deixa de ser trágico,torna-se até agradável. Dizendo isso me lembrei do fato que aconteceu (o mesmo que ia começar a conta, lembra?) Numa determinada ocasião morreu um parente de uma amiga minha e estávamos todos a velar o defunto (vou fazer outra pausa para lembrar de minha admirável professora de literatura Brasileira explicando o real significado de velar alguém, disse que era um momento para lembrar dos feitos, amizades do falecido por essa vida, tudo isso em silêncio e profundo respeito. Acredito que com o passar dos anos fomos nos perdendo nesse contexto),enquanto velávamos, as pessoas e parentes iam chegando , cumprimentando-se e acomodando nos cantos da casa(o que aliás considero muito estranho ,invasão de privacidade, sua casa ser tomada de estranhos observando seus pertences, suas particularidades, entra sai do quarto,da sala,bebe água ,repetida vezes)Continuando, em um dado momento encontramos com uma conhecida de infância , mas que não víamos desde que se mudou para outro estado. Após os cumprimentos sentamo-nos em uma sala sombria ao lado de um velho sofá e conversamos muito, falamos de nossas vidas ,e isso envolvia maridos e filhos,trabalho empregada... Depois de algum tempo, ela se despediu e saiu da sala deixando-nos a sós, minha amiga olhou-me e disse: “ - Nossa o que foi que ela arrumou ,ela acabou! Envelheceu, engordou, e ainda como se não bastasse completou com um” coitada!” ,olhei para ela pensei, ainda bem que pensei e não disse o que pensava daquilo,levantei-me despedi e saí.Depois de um longo tempo tornei a encontrar com a velha conhecida de infância que tinha sido refletida tristemente aos olhos da minha amiga, conversamos e então ela me disse:” -Menina, que bom te ver!Queria fazer um comentário com você, é sobre a nossa amiga, o que foi que houve?Ela está tão acabada, com um jeito de sofrida, enrugada, até comentei com meu marido, meu Deus!”Passei um bom tempo da minha vida pensando naquelas duas, seria inveja,não não creio,acredito mais na dificuldade que o ser humano tem em aceitar, principalmente as mulheres,que o tempo é uma questão implacável sobre nós e que isso se revela mais cedo ou mais tarde para mim e para você, mesmo que seja cruel e irreversível!.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

"De tudo ao meu amor serei atento..." Vinicius de Moraes




Recorrendo a Machado de Assis

Depois que me enveredei nessa aventura de escrever crônica comecei a pensar na competição acirrada dos jornais para vender seus impressos e nos escritores cujos textos buscam relatar épocas e costumes com hora e data marcada para entregar os seus trabalhos, tudo literalmente serve e funciona como assunto. Trânsito? Serve! Impunidade dos políticos? Futebol... É certo que assunto tem, mas, e se a criatividade falhar? E se o texto não deslanchar? Mas adiante pensei: “não posso sair por aí escrevendo de qualquer jeito, preciso saber, relembrar as características e ou quem teria inventado esse gênero: Crônica?! Pesquisar na internet seria o mais cômodo, porém o mais imparcial, queria era mesmo conversar com alguém, trocar idéias, tirar dúvidas, foi então que lembrei do Machado, olhei para o relógio já passava das 23 horas, talvez fosse tarde para telefonar, mas levando em consideração que ele era um escritor deveria dormir tarde e adorar a noite (como eu). Como assim, que Machado? Aquele das “Memórias Póstumas de Brás cubas”; o de Assis; Machado de Assis. Do outro lado uma voz rouca atendeu e assim que esclareci minhas dúvidas ele, Machado de Assis, começou a falar:” Bem cara amiga, a um meio certo de começar uma crônica (lembrou-se de um artigo que escrevera em 1877 sobre o tema) por uma trivialidade. Respondi meio que indagando: -como assim? -Como seria isso?” É dizer Que calor! Que desenfreado calor”Resvala-se do calor para la glace est rompue”¹ Compreende ?”- Sim, respondi prontamente; Alguma coisa como “ Quebrar o gelo” disse eu querendo esconder minha ignorância diante de tamanha sabedoria. Continuou com aquela voz rouca porém mansa (...)” Não posso dizer positivamente em que ano nasceu a crônica mas à toda a probabilidade de crer que foi coletânia das primeiras duas vizinhas. Essas vizinhas entre o jantar e a merenda sentaram-se à porta para debicar o sucessos do dia. Uma dissera que não pudera comer no jantar e os demais acontecimentos que as circulavam. Eis a origem da crônica! Alô, você ainda esta aí?” Perguntou “Machado.”- Sim, sim respondi ! Enquanto falava eu imaginava fatos e situações por isso o silencio! Ah! Bem! Disse Machado. Na verdade eu estava encantada e ele continuou: “Se você pensa em escrever deve se lembrar de que as notícias além de orientar as pessoas devem oferecer algo mais o” Prazer de descobrir” Isso segundo Jacques Wolgensinger², grande amigo.”Em seguida agradeci a Machado de Assis pela atenção e contribuição e este mostrou-se satisfeito, próprio dos grandes homens, sábios que entendem que o saber deve ser compartilhado senão perde o sentido. Saudamo-nos desligando os telefones. Agora já me sentia mais segura com as orientações do grande mestre, escutando um caso, recordando um episódio ali, olhando uma situação e eis o material para reflexão, basta agora estimular os leitores assim como você a lerem minhas próximas crônicas.

1.”La glace est rompue”.Em francês,” quebrou-se o gelo”

2. Jacques Wolgensinger. Escritor francês, faleceu 10/11/2008, viveu em época diferente a de Machado de Assis

home sweet home !

terça-feira, 22 de junho de 2010

E aí , o que deu a greve ?

Resolvi buscar no AURÉLIO o significado da palavra greve(suspensão de atividades de caráter coletivo),talvez para compensar o estresse desse período tão atribulado.Durante este tempo nos tornamos cúmplices,solidários com a situação uns dos outros.E EM GREVE ACONTECE DE TUDO,TEM SEMPRE UM QUE ALIMENTA O MOVIMENTO E DE ONDE SURGEM AS INFORMAÇÕES ,ah tem também aquele que nem quis aderir ao movimento,mas todo dia tem uma novidade descabível ,e os mais centrados para não dizer conservadores OLHA GENTE temos que ter muito cuidado...TEM AQUELE que no início do ano já havia comprometido o salário. E FULANO?VOLTOU? è minha filha, ele paga prestação da casa própria, uma nota preta. E o Oportunista , ah , esse consegue tirar proveito de tudo , achei tão bom essa greve , fiz tanta coisa , arrumei gaveta, fui ao medico ,dormi tanto ... ” . E sem contar com a situação do contratado , esse coitado , é o alvo certeiro da classe dominante para “minar” a greve , e consegue , sempre ! Mas há um momento em que a própria greve chega a incomodar . “ isso ta demorando de mais, sei não ! ou ii , to cansada desse negocio , os dias passam , o calendário é vigiado dia a dia “ só posso comprometer meu salário mais certo tempo ” . Os contatos são rápidos , telefones se interligam , não importa a hora nem o lugar , o comunicado chega ao seu destino , como diz a minha mãe : “ isso mexe com os nervos da gente ! .” . Chega !! Até que um belo dia , já cansados e inseguros com o desenrolar das negociações somos unânimes ; VOLTAMOS! Meio sem graça e sem grandes perspectivas . E começamos tudo de novo , na hora do café , nos corredores reclamamos do salário , da inflação, da Secretaria da Educação , do governador ... prometemos até não mais fazer valer nossa maior arma contra a indiferença do governo , o exercício do voto . E quando nas ruas fomos indagados :

- E aí , o que deu a greve ? podemos responder veementemente :

SOLIDARIEDADE!

Sentimento que uniu e fortalece nossas bases , esse legado de companheirismo deixaremos a todos , até porque essa não será a primeira nem a ultima , outras virão!

- Companheiros(a) , abraços calorosos ,Obrigada e até breve !

Karla Mageste de Carvalho Matos Professora e Participante do movimento de greve do ano de 2010 em Santa Margarida -MG